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Mais de 10 mil inscritos no curso Política de Saúde LGBT

- Cissa Paranagua



Lançado em maio deste ano, o curso Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT) se tornou um marco entre os cursos da Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) ao ultrapassar mais de 10 mil inscritos.

Com o objetivo de promover o respeito à diversidade e capacitar os profissionais de saúde para um atendimento qualificado e humanizado à população LGBT, o curso é um verdadeiro convite à reflexão e ao empoderamento dessas temáticas para o exercício integral de respeito e cidadania.

Para o coordenador de conteúdo do curso, o Prof. Dr. Guilherme Almeida, a grande procura decorre de dois motivos principais: primeiro, a consolidação da discussão dos direitos de pessoas LGBT na agenda pública brasileira das últimas décadas e, segundo (e o mais importante), em razão da Política Nacional de Saúde Integral de LGBT, criada em 2011, que ganhou capilaridade a partir da pactuação com estados e municípios.

“Então, é natural que profissionais de saúde e gestores se interessem pelo tema e busquem subsídios para lidar com ele. Além disso, como membro no Comitê Técnico de Saúde Integral de LGBT em anos anteriores, acompanhei o quão forte era esta demanda da militância LGBT de muitos estados brasileiros.”, complementou.

Almeida acredita que, a despeito do cenário conservador do momento político brasileiro, o que predomina é a busca por reflexão sobre este tema e não o dogmatismo moralista e estéril.

“Não há como permanecer negando que as variadas formas de discriminação (sexismo, racismo, homofobia, capacitismo, entre outras), quando incidem nas instituições de saúde, prejudicam a eficiência do SUS. Elas comprometem o princípio da equidade e podem ser tão daninhas quanto a insuficiência de recursos.”, finalizou.

Para a diretora de Apoio a Gestão Participativa da Secretaria de Gestão Estratégica e Participativa do Ministério da Saúde (DAGEP/SGEP/MS), Kátia Souto, além do interesse dos profissionais de saúde em entender como acolher a população LGBT da melhor forma possível, a procura pelo curso também é resultado da mobilização feita pelos movimentos sociais para dar visibilidade a essas singularidades.

A secretária destaca ainda que o módulo não está dissociado de outras ações estratégicas, como a campanha de respeito ao Nome Social e a portaria que regulamenta processo transexualizador, dando visibilidade às mulheres transexuais, aos homens trans e às travestis. Para ela, o sucesso do curso vem justamente da integração dessas e de outras ações e, também, da atuação junto a outros ministérios e parceiros.

O curso foi construído de forma intersetorial e participativa, a partir da parceria entre as Secretarias de Gestão Estratégica e Participativa (SGEP) e de Gestão do Trabalho e Educação na Saúde (SGETS) do Ministério da Saúde e a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que integra a Rede de Instituições Ensino Superior da UNA-SUS, e contou também com a colaboração do Comitê Técnico de Saúde LGBT.

Ofertado na modalidade de ensino à distância, o curso permite ao usuário flexibilidade para administrar os horários de estudo e execução das tarefas. Além disso, possui tecnologia de ajuste automático do conteúdo aos diversos tamanhos de telas disponíveis no mercado, o que possibilita ao usuário a realização do curso a partir de tablets e smartphones.

Ainda que voltado para a formação de profissionais de saúde do SUS, qualquer pessoa pode fazer o curso incluindo gestores, conselheiros e ativistas LGBT.

Interessados têm até o dia 10 de setembro para se inscrever e até 12 de outubro para terminar o curso e tirar a certificação. As inscrições são gratuitas e podem ser efetuadas no site da UNA-SUS.