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Estudo diz que produzir arte é bom para seu cérebro, e dizemos que você deve escutá-lo
"A arte lava da alma a poeira da vida cotidiana," assim proclamou Pablo Picasso. Embora acreditamos que o pomposo cubista estava no alto do seu ego quando expressou esta conhecida afirmação, sua crença nas transcendentes qualidades da arte pode não estar muito longe das teorias científicas.
Nova Pesquisa Cognitiva realizada fora da Alemanha sugere que "a produção da arte visual melhora a interação efetiva" entre partes do cérebro. O estudo, conduzido em uma pequena população de indivíduos recentemente aposentados (28 pessoas entre as idades de 62 e 70 anos de idade), concluiu que produzir arte pode atrasar ou mesmo impedir o declínio relacionado à idade de certas funções cerebrais.
Essencialmente, se a arte não estiver lavando a poeira que se acumula na sua alma, ela deve estar limpando em vez disso o seu cérebro.
Para explorar a ideia, iluminada pelo título do estudo, Como a Arte Muda seu Cérebro: efeitos diferenciais da Produção de Arte Visual e da Avaliação da Arte Cognitiva na Conectividade Funcional do Cérebro, pesquisas reuniram 14 homens e 14 mulheres e ao acaso colocaram metade deles em um curso prático de arte e a outra metade em um curso de apreciação da arte.
Aqueles envolvidos com a oficina de prática de arte participaram por uma semana de aulas de duas horas nas quais eles aprenderam técnicas de pintura e de desenho e produziram suas próprias artes originais. Aqueles envolvidos no curso de apreciação aprenderam a partir de um historiador da arte como analisar as pinturas e participaram de grupos de críticas.
O estudo durou dez semanas, nas quais cientistas do Hospital Universitário de Erlangen testaram os participantes duas vezes - uma vez antes das aulas começarem e outra no final - usando a tecnologia fMRI e uma escala proposta para medir a resiliência emocional.
Após comparar os testes antes e depois das aulas, o grupo liderado pelos neurologistas Anne Bolwer e Christian Maihofner, observou "uma melhora significante na resiliência psicológica" assim como melhores níveis de "conectividade funcional" no cérebro entre os participantes do grupo de produção de arte visual. O grupo de apreciação da arte teve desempenho inferior em ambos os testes.
Então porque aqueles que produziram arte experimentaram mais melhoras do que os apreciadores da arte? Bolwerk e Maihofner não estão seguros, mas apontam algumas explicações possíveis.
"As melhorias no grupo de produção de arte visual podem ser parcialmente atribuídas a uma combinação do processo motor e cognitivo. Outros estudos recentes de fMRI demonstraram melhoras na conectividade funcional entre os córtex frontal, posterior e temporal após a combinação de exercícios físicos e treinamento cognitivo. Os participantes em nosso estudo foram solicitados a desempenhar as tarefas cognitivas de seguir, compreender e imitar a introdução visual do artista. Simultaneamente, os participantes tinham que encontrar um modo individual de expressão artística e manter a atenção enquanto desempenhavam suas atividades. Embora não podemos fornecer explicações mecânicas, a produção de arte visual envolve mais do que o mero processo cognitivo e motor descritos. A criação de arte visual é uma experiência integrativa pessoal - uma experiência de 'fluxo'," na qual o participante está completamente imerso na atividade criativa."
Embora o estudo tenha sido curto, suas conclusões são intrigantes e podem jogar luz nos efeitos da arte sobre o envelhecimento dos indivíduos. "Picasso e Matisse produziram trabalhos até suas mortes nas idades de 91 e 84 anos, respectivamente, enquanto Louise Bourgeois... trabalhou até morrer aos 98 anos de idade. Suas artes foram conduzidas por uma fervorosa paixão criativa, mas o que teria mantido-os lúcidos?" Pergunta Laura C. Mallonee da revista Hyperallergic.
Como frisou Judy Chicago em uma entrevista passada ao Huffington, "Artistas não se aposentam. O sonho de cada artista é cair morto enquanto trabalham." Talvez não seja seus sonhos, mas os seus modi operandi.
Fonte: Katherine Brooks | The Huffington Post | 07\08\14
Traduzida por UNA-SUS