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Vítimas do trânsito já ocupam seis em cada dez leitos de UTI
De cada dez leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no país, seis são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. E, dessas internações, quatro são de motociclistas. A estimativa foi apresentada pelo diretor do Departamento de Medicina Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues, no 16 5 Etransport, congresso sobre mobilidade urbana, que terminou sexta-feira no Rio.
Os dados foram reunidos a partir de uma série de pesquisas acadê micas, realizadas por programas de graduação e pós-graduação no país inteiro. Segundo o Ministério da Saúde, no ano passado foram 169.869 internações no Sistema Único de Saúde, que custaram R$ 229,4 milhões aos cofres públicos.
Para a Abramet, o aumento do número de motocicletas no país estaria relacionado a esses dados. "A motocicleta está entrando fortemente no nosso cenário de trânsito, com 1 milhão de motos novas a cada ano, e é um veículo com um risco de utilização maior do que os demais", ressalta o especialista em Medicina de Tráfego da Abramet, Fernando Moreira.
Segundo ele, as UTIs do país todo estão sendo ocupadas por jovens do sexo masculino, em grande parte vítimas de acidentes de motocicleta, causando superlotação dos leitos de ortopedia e impedindo que pacientes com doenças crônicas tenham acesso ao atendimento adequado. Para reverter esse quadro, o especialista defende que os municípios devem investir não só em fiscalização, sinalização e ordenação do trânsito, mas principalmente no transporte público. "Privilegiar o transporte coletivo é forma importante de trazer mais qualidade para as grandes cidades, reduz o número de carros nas ruas e, consequentemente, o índice de acidentes", frisou Moreira.
O professor Charles Thomas Scialfa, do Departamento de Psicologia da Calgary University, do Canadá, também participou do congresso e apontou que, em mé dia, 40% das colisões são causadas porque motoristas não conseguem detectar fatores de risco que se aproximam do veículo. Ele sugere que, nos processos de habilitação do Brasil, sejam feitos testes de percepção do perigo. "Nestes testes, que podem ser feitos em 15 minutos no computador, as pessoas têm de apontar onde estão os riscos em um simulador", explicou Scialfa.
Fonte: Abramet